Durante a gravidez a mulher sofre algumas alterações na sua função tiróideia, consequentes da elevação de algumas hormonas neste período.
De facto os aumentos importantes da BHCG e dos estrogéneos observados durante a gravidez, vão alterar o funcionamento da glândula tiróideia.
É assim às vezes difícil o diagnóstico de uma disfunção tiróideia neste período da vida da mulher, dado que há alterações “normais” comuns à gravidez e patologia tiróideia.
Um aumento ligeiro da tiróide durante a gravidez, assim como das hormonas tiróideias, são comuns e “normais” durante a gravidez.
A fadiga que naturalmente a mulher sente neste período é também um sintoma comum e pode confundir-nos e levar-nos a desprezar uma patologia latente.
Durante a gravidez a mulher necessita de um aporte adicional de iodo na sua alimentação. Cerca de 7% das mulheres não têm este aporte adequado.
As hormonas tiróideias são importantes para o desenvolvimento do bebé, sobretudo ao nível cerebral e do sistema nervoso, e este depende do nível hormonal da mãe até cerca das 12 semanas, altura em que a sua própria glândula começa a funcionar.
Mães com diminuição da função tiróideia, o chamado hipotiróidismo, têm bebés que podem ter consequências no seu desenvolvimento cognitivo, manifestadas apenas na idade escolar, com falta de atenção, dificuldades de aprendizagem, um QI inferior ao esperado e algumas vezes perturbações psico-motoras.
Quer os aumentos, quer as diminuições da função tiróideia que se podem observar durante a gravidez podem ter consequências imediatas gravíssimas para o seu bebé:
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Pré-eclampsia
- Aborto
- Prematuridade
- Baixo peso à nascença ou peso > 3,5 Kg
- Anemia
- Morte in útero
O nascimento do 1º dente após os 6 meses é um sinal de alerta para o hipotiroidismo da criança
Assim é muito importante estarmos atentos a este problema, e diagnosticarmos precocemente uma disfunção tiróideia durante a gravidez ou na criança recém-nascida.
Como fazer o despiste:
O seu médico assistente ao pedir-lhe as análises pré-gravidez, incluirá as necessárias a este despiste: T4 livre, TSH e Ac Anti-TPO.
Com estas análises podemos diagnosticar e monitorizar a sua função tiróideia.
Não devemos no entanto esquecer que a disfunção tiróideia se diagnostica sobretudo clinicamente.
Há outros exames que se podem efectuar, analíticos e de imagem, mas só justificados após esta primeira abordagem.
Deve efectuar as suas consultas e exames com regularidade.
Os exames analíticos devem ser repetidos durante e após a gravidez.
A chamada “depressão pós-parto” está relacionada com a alteração tiróideia também.
Actualmente a maior parte dos médicos está alerta para este problema, mas observamos ainda um número elevado de mulheres a quem não é feito qualquer despiste quer antes, durante ou mesmo após a gravidez.
Deve ter também em atenção o laboratório utilizado dado que há vários métodos para a determinação da TSH, a Hormona que estimula a tiróide, uns mais sensíveis do que outros.
Desejamos as maiores felicidades nesta nova aventura, a sua gravidez.