Há vários tipos de cefaleias, e podem estar relacionadas com distúrbios hormonais pelo que devemos estar conscientes destas situações.

O cérebro em si não tem receptores para a dor. Os receptores encontram-se nos vasos sanguíneos ( que podem dilatar-se ou contrair-se), nos músculos do pescoço e da cabeça que podem ficar “tensos”, nas articulações da mandíbula e do pescoço, que podem estar danificadas, nos nervos que transmitem os sinais de dôr (nervos craneanos e espinhais), nos dentes que podem estar estragados, nos seios perinasais que podem ficar tumefactos devido a alergias, resfriados ou infecções, nos músculos à volta dos olhos, que podem ficar tensos por sobrecarga de trabalho e dificuldades da visão ao perto, e nas meninges que podem sofrer tracções ou irritações.

A maioria das dores de cabeça são provocadas por contracções musculares, ou problemas de fluxo sanguíneo.

Factores que desencadeiam as cefaleias:

– Traumatismo craniano

– Tumores

– Stress

– Dilatação vasos sanguíneos

– Tensões musculares

– Baixo nível de endorfinas

Tipos de cefaleias:

Cefaleia sinusal, quando os seios perinasais se encontram inflamados ou congestionados. A dor costuma ser na região frontal e ou maxilar superior

Cefaleia localizada (cluster), geralmente à volta de um olho, com ptose da pálpebra, congestão e lacrimejamento do olho do lado da dôr, por vezes nariz entupido também. São unilaterais, e repetem-se todos os dias à mesma hora por várias semanas e depois desaparecem

Cefaleia de tensão, as mais comuns. Podem ocorrer esporadicamente, menos de um dia por mês em média, ou serem crónicas, sendo que nesta situação ocorrem há mais de 3 meses e pelo menos 15 dias em cada mês. Caracterizam-se por sensibilidade aumentada a pontos de pressão determinados (trapézio superior, masséter, temporal, esternocleidomastoideu e outros). O utente sente uma pressão à volta da cabeça. Como se a apertassem

Cefaleia vascular, cujo tipo principal é a “enxaqueca”, causada por anomalidades dos vasos sanguíneos que se contraem ou dilatam. Na forma clássica, a dor é acompanhada de náusea e perturbações visuais

Cefaleias hormonais, como a cefaleia matinal do hipotiroidismo, que aparece no repouso, a cefaleia menstrual, pelo deficit de  estrogénios neste período, a cefaleia pre-menstrual por deficiência da progesterona nesta altura, a cefaleia provocada pela inflamação e stress originados pela falta de cortisol, e mais raramente as cefaleias nocturnas por falta de melatonina e as derivadas da desidratação. Tente sempre beber água quando sente a dor de cabeça.

 

Falaremos mais discriminadamente das cefaleias hormonais e como se corrigem, tendo em conta todos estes factores que também são possíveis causadores das dores de cabeça.

 

CEFALEIAS (DORES DE CABEÇA) HORMONAIS

– Baixa da função tiroideia- São cefaleias matinais, que aparecem “do nada” em repouso. O tratamento com hormona tiroideia, diminui a frequência e a severidade, sendo que frequentemente assistimos à abolição total da dor de cabeça. Recordo que a prevalência do hipotiroidismo, se tivermos em conta os critérios clínicos, é de cerca de 85% na população adulta, sendo na maioria das vezes não diagnosticado, dado que por critérios analíticos a prevalência desce para menos de 10% da população adulta. Reconhecer os sinais clássicos e mais típicos do hipotiroidismo é essencial ( mãos frias, pés frios, obstipação, tendência depressiva e para engordar comendo bem, dor e rigidez matinal das articulações, acordar com cara e olhos inchados, falta de foco, memória e concentração…)

– Baixa de estrogénios- São as cefaleias típicas do período menstrual. A cefaleia vascular, tipo enxaqueca começa em 33% dos casos na altura da menarca (1ª menstruação) na mulher, sendo também mais frequente neste sexo (18% no sexo feminino e 6% no sexo masculino em média dos estudos). A cefaleia tipicamente que aparece no período menstrual, é devida à baixa das hormonas sexuais que se verifica neste período. Algumas mulheres com “enxaqueca” apenas a referem neste período. Não é uma questão de os estrogénios estarem altos, como na gravidez, ou baixos, como na menopausa, mas a baixa “repentina” do estrogénio nesta altura. Muitas mulheres sentem melhoras da sua enxaqueca menstrual durante a gravidez, pela estabilização dos níveis estrogénicos. O tratamento ideal seria a supressão da actividade cíclica do ovário com implante de estradiol e descamação periódica do útero dando progesterona cíclica. Desta forma, mantendo um nível constante de estradiol suprimimos a variação cíclica que desencadeia a enxaqueca. Para as mulheres que não querem colocar o implante suplementar com baixa dose de estradiol antes/durante os primeiros dias de menstruação, é uma tentativa dada a incapacidade do quotidiano de algumas mulheres. Nestes casos o período algumas vezes será mais abundante, havendo que ter isto em consideraçãoe equilibrar sempre que necessário com a progesterona.

Cefaleias pré-menstruais-  estão associadas à baixa de progesterona que se verifica em muitas mulheres neste período. São por isso acompanhadas muitas vezes, pelos sintomas típicos da tensão pré-menstrual, também ela devida à baixa de progesterona: tensão mamária, irritabilidade, dores abdominais, mais emocionais e sensíveis, mais apetite para doces, dificuldades no sono e má digestão, estão entre os sintomas mais frequentes. A correcção com progesterona bioidentica deve ser efectuada, não só para alívio dos sintomas incomodativos desta fase, mas para prevenção de doença mamária e uterina (nódulos e quistos) derivados da dominância estrogénica em que estas mulheres se encontram. A falta de progesterona nesta fase, faz com que a mulher esteja em dominância estrogénica. O estradiol provoca retenção hídrica, e a cefaleia aparece, pois ela é derivada do edema (acumulação de líquido) cerebral . Diuréticos, ou pílulas com progestagénios anti mineralocorticoide (4ª geração), podem resultar, mas repito mais uma vez: dar a pílula pode resolver os sintomas, mas não é a escolha adequada nem saudável.

Cefaleias por baixa do cortisol- são as que aparecem em situações infeciosas, inflamatórias, e stress. Todos os tipos de cefaleias de que já falámos, são exacerbados na deficiência de cortisol. Há que dar um corticosteroide muitas vezes nestes casos em situação aguda, para as aliviar e prevenir recorrência.

Celafeia por falta de melatonina- aparecem tipicamente de noite. O utente acorda a meio da noite com uma dor de cabeça “pulsátil” que só desaparece ao início do dia. Algumas vezes associadas a quistos da glândula pineal, que produz a melatonina. O tratamento é efectuado com melatonina.

Para terminar o assunto cefaleias gostava de referir que a deficiência de tiróide e de estrogénios, agrava o tipo de cefaleia vascular, sendo a enxaqueca o exemplo típico desta cefaleia.